Meus estudos matemáticos começaram em 1982, quando fiz uma incursão no nível superior, em dois anos de um curso de engenharia, e de modo intensivo em 1987, quando comecei meu curso de matemática, concluído em 1996; e até hoje, ainda continuo a dedicar parte de meu tempo à matemática. Não estou considerando os meus estudos preliminares, do primeiro grau e do segundo grau, como eram chamados, respectivamente, o ensino fundamental e o ensino médio atuais (se é que os burocratas já não lhes mudaram os nomes). Além disso, comecei um mestrado em matemática em 1998, concluído em 2001, e comecei um doutorado em 2001, tendo concluído todas as disciplinas em 2005, e terminado em 2006 sem a conclusão.
O que posso dizer é que conhecimento de matemática é imprescindível para interpretar os acontecimentos da vida, é importante para a tomada de decisões políticas, econômicas, empresariais, administrativas, tanto públicas quanto privadas. A matemática é imprescindível para a internet, comunicações, códigos bancários, segurança de dados, desenvolvimento de tecnologias, projetos militares, e tomada de decisões baseadas em estatísticas.
Mas será que os fins justificam os meios? Quais são os malefícios da atividade matemática?
Alguns dos malefícios da atividade matemática são:
(1) A atividade matemática intensa e prolongada transforma a maneira de pensar, não só dos seus praticantes, como também das pessoas envolvidas, por relação de autoridade, com o praticante da matemática. Este fato merece estudos de psicólogos, psiquiatras, sociológos, e quaisquer outros profissionais interessados nas manifestações da mente humana e seus efeitos. A quantidade de matemáticos (e outros estudiosos das ciências ditas exatas) com comportamento autista, gente sem vida social saudável, é muito acima da média. Não é difícil encontrar estatísticas para este fato. Já há referência a uma forma branda de autismo, a síndrome de Asperger, muito comum nos meios acadêmicos das ciências exatas. Se o comportamento autista é adquirido com a atividade matemática ou se é pré-existente, já é outro problema. Em todo caso, o ambiente que se constrói é péssimo para pessoas minimamente saudáveis mentalmente, e para as novas gerações de jovens ingressantes no curso superior.
(2) Desenvolvimento de comportamento paranóico, tanto nos alunos de estudos avançados, como em professores. Poucos são imunes aos distúrbios psíquicos. O comportamento paranóico se manifesta, algumas vezes, como um comportamento exigente e de rigor, justamente pelos elementos menos produtivos.
(3) Desumanização do ambiente acadêmico, e por consequência, de toda a sociedade. É só lembrar que a maioria dos cursos superiores tem disciplinas de matemática, notadamente de cálculo e estatística. Aparentemente, apenas os cursos de humanidades estão imunes aos malefícios da matemática, talvez justamente por exercitar a dimensão da tolerância, e da conciliação entre elementos opostos.
(4) Violação de limites. Forma-se um estamento hermético doente, no qual há violação de limites, justamente pela falta de consideração das outras dimensões do saber.
(5) Megalomania e falsa humildade. Juntamente com a paranóia, advém da perda de referenciais mentais a que é induzido, alunos avançados e professores, pelo estresse decorrente da obrigação, mais imaginária (aqui estamos considerando um desvio, reversível ou não, da consciência e sanidade mental) do que real, por resultados, ou, eventualmente por outros fatores que desconheço.
(6) Desconsideração das outras dimensões do saber: a dimensão ética, econômica, política, social, estética, científica, militar, utilitária, cultural, histórica, geográfica, moral, familiar, étnica, jurídica, mítica, religiosa, simbólica, poética, etc.
Conclusão: A importância da matemática para o país, torna urgente o desenvolvimento de novos meios para a educação matemática.
Sugestões: (1) Investimento em educação à distância, por iniciativa governamental. Bons livros e revistas especializadas disponíveis aos estudantes.
(2) Substituição de avaliação com conceito por avaliação de verificação e orientação. Basta aperfeiçoar a avaliação para concursos públicos para os candidatos às carreiras acadêmicas, e para promoções.
(3) Avaliação preferencial por resultados e citações, publicações de livros e artigos, em revistas e periódicos, e por capacidade de formação de novas gerações.
O aluno precisa acreditar que o que interessa para ele e para a sociedade não é o conceito formal obtido de provas e avaliações, mas os resultados a que ele chegue, e que sejam úteis para a sociedade.